Oscar Araripe
As vertentes das flores
A exposição Flore, de Oscar Araripe, traz uma série de reflexões sobre as possibilidades de um artista plástico construir uma exposição. Um mesmo assunto, é claro, pode ser desenvolvido de diversas maneiras, mas o mais fascinante é perceber como um criador visual pode realizar esse exercício com riqueza imagética.
Algumas vertentes se tornam mais fortes e significativas. Uma das maneiras de enfocar o tema, por exemplo, é de uma forma mais reservada, tímida até. É o que acontece com o uso de tonalidades pastel, marcadas por uma percepção de estar no mundo regida pela delicadeza.
Existe, no entanto, também algo mais instável, com a presença de cores quentes que ganham o espaço com gestos mais largos. Ocorre uma explosão de vida que se manifesta numa visualidade que se distingue no entendimento do universo como algo em expansão e explosão, além de nós mesmos e na procura feliz pelo outro.
A convivência dessas duas maneiras de lidar com os materiais plásticos permite interpretar a arte de Araripe como uma expressão madura na materialização de um tópico clássico da história da pintura, mas que é tratado com um despertar de originalidade, sem cair em armadilhas fáceis, sendo capaz de gerar encanto no observador.
Oscar D’Ambrosio integra a Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA-Seção Brasil). É doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Mackenzie e mestre em Artes pelo Instituto de Artes da Unesp.