Oscar Araripe chegou à nossa arte como possuidor de uma sólida formação humanística e cultural. Existem casos de artistas tardios, como Tomie Ohtake, que se tornou pintora aos 40 anos. O que é raro é um artista que surge já dotado de uma visão e experiência amadurecida do mundo. Talvez seja por isto que Oscar Araripe não se deixou seduzir pela hegemonia passageira de tantas modas e ditames. Para ele um vaso de flores revisitado pode ser a vanguarda definitiva. Aliás, também para Cézanne. Ou uma paisagem, ou as flores na primavera, ou tudo o que existe e que é passível de ser registrado, interpretado, reapresentado ao nosso olhar maravilhado. Na verdade, o que nos traz este pintor oriundo da literatura, do alto jornalismo, do estudo das leis e da filosofia, é um vitalismo, a percepção de um universo que vibra e é puro movimento e energia e que não oferece limite à nossa integração desde que, por nossa vez, estejamos dispostos a ser movimento e energia.
Jacob Klintowitz, in apresentação do Catálogo da 1ª Bienal de Artes de Brasília / Sesc-DF / Edição 2016.