Coluna Claudia Simões / Gazeta de São João Del Rei / 02/06/2018
Araripe em Brasília
Tiradentes quase desaparece pela densa neblina de inverno. Era de se esperar que o cidadão honorário, jornalista e pintor ilustre, Oscar Araripe, se recolhesse ao aconchego de seu atelier na subida da Matriz, entre telas, livros e vinhos, brindando o inverno. Ao contrário, Araripe não para. Depois de ganhar o Prêmio de Aquisição na Bienal de Brasília em 2016, Oscar Araripe volta a participar da mostra, desta vez como “Artista Homenageado”. Entre as mais destacadas exposições de artes visuais, porta aberta para veteranos e novos talentos, a Bienal das Artes de Brasília reúne artistas do Brasil e do exterior, conferindo medalha e diploma aos selecionados. Araripe está expondo sua obra digitalizada “O Brasil Nunca Mais o Brasil” em um telão especial, o que lhe permitirá ser visto por milhares de pessoas. São 170 imagens que contam cinco “estórias sem palavras” e serão projetadas no grande hall do Shopping Pátio Brasil.
Inovador sempre
“Gosto muito do silêncio das imagens. Nada mais silencioso e grandioso que o silêncio de uma imagem bem pintada. Esta qualidade, creio, é o grande diferencial da imagem, especialmente encontrada numa boa pintura. Ser silenciosa para poder gritar”. O Brasil Nunca Mais o Brasil é uma seleção extraída de 1.200 imagens da série Pilares, pintadas por Araripe nos anos 80. Era uma obra impossível de ser exposta. E eu tinha consciência disto. À época, contudo, com as novidades tecnológicas emergentes imaginei que tais “estórias” pudessem ser contadas através de projeções ao ar-livre, nas praças e lugares de grande concentração de pessoas, algo que só agora é possível com a utilização das plataformas digitais.
Oscar Araripe: entre Brasília e Harvard – Foto: Acervo Pessoal
Araripe em Harvard
E ainda tem mais. Oscar Araripe estará expondo “Flores para Harvard” na prestigiada galeria do Art Studio da Leverett House, no Harvard Science Center e no MIT (durante a reunião anual da Brazil Conference) e no Harvard Club, de Boston.. O convite partiu de várias entidades de Harvard, onde Araripe ganhou duas bolsas de estudos, em 1966 e 1968. Em seu artbook, lançado em 2011, o artista fala da influência do Fogg Museum, importante museu de arte daquela universidade, em sua formação de pintor. Talvez por isto, e por sua trajetória de sucesso na pintura, Harvard, entre as mais importante universidades do mundo, o tenha convidado para expor seus famosos vasos de flores na instituição, 50 anos depois. Além do reconhecimento e da emoção de reviver uma época de gratas recordações, Araripe fará ainda uma palestra sobre Arte, Cultura e Vida, no formato ping-pong, com o empresário Peter Rodenbeck, também antigo estudante de Harvard e seu colecionador, “lenda viva” no mundo dos negócios, sendo responsável por trazer ao Brasil o MacDonald , o Starbuks Café e o Outback. Precisa mais?