" Depois de muito escrever e antes de pintar as minhas paisagens e figuras fiz 12 "transcrições visionadas" de um imaginário poético pessoal, obra de 1200 imagens, a que chamo Pilares. Digo "transcrições"porque as fiz na maior velocidade que pude, sem erros nem retornos. São "visionadas" porque, de fato, apenas "olhei" para elas, fugindo das erudições e procurando a visão original de uma arqueotipia pessoal. Somente os meus pés se fixaram nessas pedras, os meus olhos, o meu coração, a minha mão e os meus restos as "visionaram"; isto é, fizeram o que eu achava que podiam ser ou o que eu sabia fazer. Um traço reto, por exemplo, bem podia significar uma curva. Portanto, eu não interpretei nada, não vi, à minha maneira, nada; apenas "transcrevi" e "visionei".
A estas transcrições eu chamei Pilares; visto que talvez se constituam as bases da minha pintura. O Pilar que hora mostro representam animais visionados. Aqui não há a caça - e a Arte fixa verdadeiramente a desaparição. Estamos num mundo pré-índio, pré-chinês - quando homem e natureza, belamente, eram uma coisa só. E essa coisa é que me arrebata".
Oscar Araripe - 1990 - in catálogo da exposição O Pilar do Areião, na ItauGaleria de Brasília.