Dois Araripes
Oscar Araripe
Acrílico sobre Vela Náutica /1.10mx1.20m /2004
1- O Morro do Araripe, no Quixadá.
2- Fazenda de Bárbara de Alencar com pequi e Serra do Araripe.
O Morro é uma presente lembrança de meu avô Oscar de Alencar Araripe, num Quixadá: uma imagem imaginada da Pedra da Galinha Choca mutando no Morro do Araripe.
Já a Fazenda do Pau Seco, de Bárbara de Alencar, minha admirada hexavó, é tudo que sonhei. O pequizeiro resplandescente, a casa e o curral, a santa capela de um tempo remoto, os campos cultivados, oásis por sobre oásis às faldas do Araripe, aquela serra chapada, plataforma sideral, " Uma linha Azul no Horizonte ", como disse meu septavô, Leonel Alencar, ao vê-la pela primeira vez.
Bôemio fortalezense fundou a Livraria Alencar, na mais bela Major Facundo, nos anos 20. Depois ele foi tragado pelo Rio, formou família e um lugar cearense na própria casa, principalmente na biblioteca, onde fotos artísticas e coloridas à anilina, raras imagens à época, juntavam-se a livros com autógrafos notáveis, muito bem encadernados e guardados em estantes envidraçadas e de fechadurinhas delicadas. Foi ali o meu primeiro Ceará, uma cearália carioca onde até o calor era parecido, ao longo das tardes frescas. A diferença era que ali na Tijuca as negras sementes das vagens vagamente lembravam as continhas vermelhas de Fortaleza de dias raros de chuva, espalhadas pelo chão.
Oscar Araripe